27 de dezembro de 2008

Condição perene




 
















nas cheias o rio comanda o espetáculo
e as margens são apenas
degraus para o leito mais fundo

nas secas
o rio é a margem

Lau Siqueira

Imagem: Gustavo Orensztajn

22 de dezembro de 2008

Falta



São de nada
tempestades

ante a falta
que me fazes

David Mourão-Ferreira
Os Ramos Os Remos




Imagem: Micha Pawlitzki-zefa-Corbis


16 de dezembro de 2008

Invento um cais




















Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem
medo de naufragar...


Mafalda Veiga
Cada lugar teu ao meu amor


Imagem: Bob Tiny



13 de dezembro de 2008

A qualquer preço



















 Amor custa bem caro.
Mesmo assim depenamos bolsos
e bolsas de moedas raras.
Por ele pagamos, em prestações
nem sempre suaves, quanto
de entrada supúnhamos
de todo não poder:
o alto preço dos sustos,
a conta escorchante
das noites em claro,
os juros extorsivos
do medo de perdê-lo,
a tristeza do saldo zero.
Queixamo-nos de carestia
se de amor-próprio ainda
nos sobra algum trocado,
mas que fazer quando só
amor é o lucro que buscamos?

Astrid Cabral
Carestia

Imagem: Marc Schlossman

10 de dezembro de 2008

Lobo em pele de cordeiro




Os que andam com segundas intenções
Não conseguem enganar ninguém.

Está na cara...
O perigo mesmo - porque é invisível -
está nos que têm terceiras intenções.
 
 
Mario Quintana
Intenções
/ A vaca e o hipogrifo



dedico a você que anda rondando o meu
pasto com terceiras intenções. 

Google Imagens





8 de dezembro de 2008

Felicidade


 













A felicidade sentava-se
todos os dias ao peitoril da janela.

Tinha feições de menino inconsolável.
Um menino impúbere
ainda sem amor para ninguém,
gostando apenas de demorar as mãos
ou de roçar lentamente o cabelo
pelas faces humanas.

E, como menino que era,
achava um grande mistério
no seu próprio nome.

Jorge de Sena

Imagem: Inês Queiroz / Dois Rios
(Hatillo/Caracas-Ve)

4 de dezembro de 2008

Sabedoria

Caprice Clark/White Chair



Um homem pode, se tiver a verdadeira sabedoria, gozar o espectáculo inteiro do mundo numa cadeira, sem saber ler, sem falar com alguém, só com o uso dos sentidos e a alma não saber ser triste.


Livro do Desassossego


 

28 de novembro de 2008

Ausência













Quero dizer-te uma coisa simples: a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma; mas que não deixa, por isso, de deixar alguns sinais - um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes tivessem roubado o tacto.

Nuno Júdice
Pedro Lembrando Inês



A ausência foi a contragosto. A volta, uma precisão. Estar aqui com vocês, nas palavras de cada dia, acende-me largos sorrisos. Muito obrigada a todos os queridos amigos que, nos instantes de uma angústia tão minha, deram-me as mãos em palavras de afeto. O meu mais terno beijo a cada um de vocês.


Imagem: Susanne Borges/A.B./zefa/Corbis


15 de outubro de 2008

Lembrete




Não esqueças, sobretudo,
de olhar devagar.


não há olhar mais
sensível, mais exato,
mais ardente, mais revelador e mais
latejante, do que o do toque.

Imagem: Scott Murdoch


14 de outubro de 2008

Breve pausa



 











Meus queridos,

Depois de nove dias sem postar e sem poder visitá-los como de costume, sinto-me obrigada a adimitir que precisarei fazer uma pausa no Dois Rios, mas, aviso de antemão, que será por pouco tempo. Logo na 1ª quinzena de novembro pretendo estar de volta.

Deixo meus muitos carinhos aos amigos listados abaixo, que me têm acompanhado muito de perto, ao longo desse breve caminhar na blogosfera. São nessas teias de fios invisíveis que vamos tecendo os nossos afetos.

Thiago Ya'agob (Debaixo das Asas), João da Silva (As Rosas Não Falam), Débora Schuab (Do Jeito Que Eu Sou), Ana Diniz (Blog do Seu Interesse), Mdsol (Branco no Branco), Shakti (Silêncio nas Palavras), Clarinha (Brincando com Palavras), Nanda Assis (Luz dos Olhos), Ana (Pelos Caminhos da Vida), João (Sonhos e Devaneios), Tiago (Bossa Nova Café), Bill Stein Husenbar (Desabafos Solitários), Elaine (Cor de Rosa e Carvão), Ricardo (Manhã de Inverno), Victor (Dispersa Palavra), Nadezhda (Where Is My Mind), Beautiful Stranger, Papoila (Campo em Flor), Diva (Momento de Vida), Ivone (Um Silêncio de Paixão), Zek (A Ironia de um Perdedor Que Tinha Tudo Para Ganhar), Ray («« ڱemöґïvö »»), Marcelo (Amenidades), Camila (Caminhos), Beautiful Stranger, Jardim de Urtigas, Nina (Ponto Pessoal), Juani (Mis Palabras y Sentimientos), Duarte (Amigos de Portugal), Cadinho Roco, BruneLLa Wyvern (De Amor e de Letras), Beja Dando Voz aos Poetas, E la nave vá, Marinha de Allegue, Marina (Do Fundo do Mar), Sim eu Digo, Poetaeusou, Sabrina (Suspiro); Nido (Desabafos Mentais), Ki Colado, Carlos (Charlielight), Milla (Acorde em Mi Maior), Wanderson (Confissões de um Ego), ~pi (Passages), Pipinha (Partilha de Emoções), D. (Clandestinamente), Sei Que Existes, Mundo Azul, Jamille Lobato, Mello, João (Lista de Sonhos), Carol (No Mundo da Lua), LP (Paraíso do Inferno), Salomé (Sentimentos), Nenê (Sempre a Pensar Sabe-se Lá no Quê ), A Elite de Paris, Vivian (In Foco), Quase Trinta, Carla (Palavras em Desalinho), Nocturno (Insanidade Perfeita), Não Somos Apenas Rostinhos Bonitos, Késia Maximiano (Japonês em Braile), Boa Noite Cinderela, Sammyra Santana (Borboleteando), Véu de Maya (libertas-vitalis), Lua Prateada, Eloyna Lee (Cemitério de Ilusões) Baby (Barlavento), Salomé (Sentimentos), Maurizio (Instantes e Momentos), Three Love's, Nina (Menina Nina), Vanna (Reflexões e Opiniões), Jimi (Bobeiras em Geral), Verônica Martinelli, Multiolhares, Assim Que Sou (Verônica), Pati (Pérolas que colhi, Flores e Poesias), (Ariana (Pensamentos em Palavras), Felina (Pele Felina), Su (Xanax), Ane (Vivendo e Sonhando), Gerly (Nadica Demais), TCHI de Tchivinguiro (Pérolas de Ouro), Juliana Lira, Maicom (Maicomllima), Zé Carlos (A casa do Zé Carlos), Dauri Batista (Essa Palavra), Marcella, Aliny (Menina Virtude), Alice (elogiodellafolli), Thefy (Minhas Razões), Dito Pelo Maldito, Maria José Quintela (Do Lugar Em Mim), Caroline (Letra Vermelha), Rouxinol (Fascinação), Luísa (Pin Gente), Nati Caetano, Betho Sides.

Agradeço aos que somaram 94 comentários no post "Roda Viva." Tão logo esteja de volta retribuirei o carinho das visitas.

Aos recém-chegados e aos que porventura aportarão nos meus rios, espero que desfrutem do frescor das minhas águas e que voltem sempre.

Muitos beijos,
Inês
______________________________________________________________

Só mais uma coisinha:

Há demonstrações de carinho que nos imensam, como diria Manoel de Barros, e nem sequer são de dizer. As tuas, meu lindo João, são assim. Colocá-las para além do meu coração, só se for numa moldura.
Minha sempre ternura por ti, meu querido amigo.


















Aceito que vás, mas... volta!
Se não voltares, nem vás!
Nenhum laço se desfaz,
nem um pingo há, de revolta,
se tu me dizes voltares,
trazendo de volta os ares
que, inebriado, respiro.

Aceito que vás, mas... pouco.
Vai pouco e volta correndo,
e eu fico aqui sabendo
que logo vens... nem sou louco
de te deixar ir assim,
para tão longe de mim!
Eu, que tanto te admiro?

Volta logo, alma querida,
traz no bolso uma esperança
que vou ficar feito a criança
que te espera, pela vida.
Vou te aguardar mui ansioso
e quero ver, remansoso,
o rio cuja margem miro.

Como um rio só não me basta,
eu quero os dois, quero inteiros!
Quero os sonhos verdadeiros
de tu'alma linda e casta.
Quero os rios dos meus janeiros,
quero os encantos primeiros
que sinto quando aqui suspiro.

Beijos, minha linda, beijos mil!

João da Silva

As Rosas Não Falam

6 de outubro de 2008

Roda Viva














A gente tem que morrer tantas
vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo.
...
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo e me torno moribundo de doer daquele corte do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas.
...
Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
...
Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo.

Não dá outra: tiro o chinelo…
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha…
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

No Elevador de Deus

Google Imagens


3 de outubro de 2008

Tu e eu



















Na verdade, somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos
tu em mim, eu em ti.
Eis aqui o sentido profundo
da minha relação contigo,
Porque não existe, entre tu e eu,
nem eu, nem tu.



Jalal Al-Din Rumi



Imagem: So Hing-Keung/Corbis


30 de setembro de 2008

O meu homem

Miles/zefa/Corbis


Há mulheres que querem que
o seu homem seja o Sol.
O meu quero-o nuvem.

Há mulheres que falam
na voz do seu homem.

O meu que seja calado e eu,
nele, guarde meus silêncios.
Para ser a minha voz quando
Deus me pedir contas.

No resto, que tenha medo
e me deixe ser mulher,
mesmo que nem sempre sua.

Que ele seja homem em breves doses
Que exista em marés, no simples
ciclo das águas e dos ventos.
E, vez em quando, seja mulher,
tanto quanto eu.

As suas mãos as quero firmes
quando me despir.
Mas ainda mais quero
que ele me saiba vestir.
Como se eu mesma me vestisse
e ele fosse a mão da vaidade.

Mia Couto

O Fio das Missangas

26 de setembro de 2008

Chove...



 












Chove...

Mas isso que importa!
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

José Gomes Ferreira


Google Imagens

22 de setembro de 2008

Quero...

Tomek Sikora/zefa/Corbis


Um regaço para chorar,
mas um regaço enorme, sem forma,
espaçoso como uma noite de verão, e
contudo próximo, quente, feminino,
ao pé de uma lareira qualquer.

um colo, um berço,
um braço quente
em torno do meu pescoço,
uma voz que cante baixo
e que pareça querer fazer-me
chorar.

um calor no inverno,
um extravio morno da minha
consciência.

e depois, sem som,
um sonho calmo,
um espaço enorme como a lua
rodando entre as estrelas.

Bernardo Soares

Livro do Desassossego






19 de setembro de 2008

Antes de te conhecer


 

















Era o teu rosto.
Era a tua pele.
Antes de te conhecer,
existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens
que olhava ao fim da tarde.
Muito longe de mim,
dentro de mim,
eras tu a claridade.

José Luis Peixoto



O resto é Veneza, Mahler, e um incrível
e triste, sentimento de beleza.

José Eduardo T. Leite

Imagem: J. Borodina


18 de setembro de 2008

Felicidade
















Se eu pudesse congelar o tempo,
escolheria este momento,
exatamente este,
nesta pouca hora
de um dia ensolarado.
O gerânio novo
enfeitando a prateleira,
o riso da criança
brilhando lá fora.
O livro aberto
no lugar certo,
que simplesmente diz
"Eu não tenho nada,
mas rouxinóis gorgolejam
versos na calçada."
É assim que se começa a ser feliz.

Flora Figueiredo



porque o dia de hoje esparramou-se
em alegrias e ocupou-me por inteiro.




Google Imagens



15 de setembro de 2008

Constatação
















O Nunca Mais não é verdade.
Há ilusões e assomos, há repentes
De perpetuar a duração.
O Nunca Mais é só meia-verdade
Como se visses a ave entre a folhagem
E ao mesmo tempo não.

Hilda Hilst
Cantares do sem nome e de partidas

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10 de setembro de 2008

Um único momento




















Achamos que a vida é uma sonata
que começa com o nascimento
e deve terminar com a velhice.
Mas isso está errado.
Vivemos no tempo, é bem verdade.
Mas, é a eternidade que dá sentido à vida.
Eternidade não é o tempo sem fim.
Tempo sem fim é insurportável.
Eternidade é o tempo completo,
esse tempo do qual a gente diz:
"Valeu a pena".

Compreendi, então, que a vida é uma sonata que,
para realizar a sua beleza, tem que ser tocada até o fim.
Dei-me conta, ao contrário,
de que a vida é um álbum de minissonatas.
Cada momento de beleza vivido e amado,
por efêmero que seja,
é uma experiência completa
que está destinada à eternidade.
Um único momento de beleza e amor
justifica a VIDA inteira.

Rubem Alves
Concerto para Corpo e Alma


Imagem: Alley Cat Productions-Brand/Corbis


8 de setembro de 2008

Asa presa




















O tormento de te amar é uma asa presa
que me detém num cubo de medo;
medo de que o amor eterno exista,
não caiba nas nossas vidas tão breves
ou não lhes resista.

Luminária


Imagem Mimmo Jodice/Corbis
Detail of Cupid and Psyche by Antonio Canova


5 de setembro de 2008

Sempre resta algo a dizer



















Ainda te falta
dizer isto: que nem tudo
o que veio
chegou por acaso. Que há
flores que de ti
dependem, que foste
tu que deixaste
algumas lâmpadas
acesas. Que há
na brancura
do papel alguns
sinais de tinta
indecifráveis. E
que esse
é apenas
um dos capítulos
do livro
em que tudo
se lê e nada
está escrito
.

Albano Martins
Escrito a Vermelho

Imagem: Microzoa/ImageBank


4 de setembro de 2008

Separação














não houve culpados
só feridos.




Imagem: Natasha Guderman


1 de setembro de 2008

O primeiro olhar


 














Inventa a eternidade na simples
comoção de olhar uma estrela.
Basta que a olhes pela primeira vez,
depois de a teres olhado inúmeras vezes. 
E, então, não precisarás de nenhum Deus
que te ponha a mão no ombro e diga "estou aqui".
Uma estrela espera-te desde toda a eternidade.
Procura-a.
E vê se a não perdes durante a vida inteira.
A tua estrela pode não estar no céu.
Põe-na lá.

Vergilio Ferreira
Pensar





Imagem:Matthias Kulka/zefa


31 de agosto de 2008

Escombros
















Ficou apenas
pedra sobre pedra
quando,
por olhar o Sol,
o rio da Esperança
se evaporou.

Gundula Steglitz
Pedra sobre pedra


Imagem: Wes Thompson/Corbis


28 de agosto de 2008

A casa que há em mim















Edifiquei minha
casa sobre a
areia.

Todo dia recomeço.

Eunice Arruda
Erro
/ As Pessoas, As Palavras


Imagem: Jodi Cobb

27 de agosto de 2008

Acalanto















Toca-me, conjuga um verbo que conheças
no presente do indicativo, soletra-o na
segunda pessoa do singular ao meu ouvido,
dá-me qualquer coisa que me pareça eterno.

José Rui Teixeira
Para morrer



Imagem: Tomek Sikora/zefa/Corbis


25 de agosto de 2008

O teu cheiro
















Agora que sinto amor
Tenho interesse nos perfumes.
Nunca antes me interessou que
uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores
como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam,
como sei que existia.
São coisas que se sabem
por fora.
Mas agora sei com a respiração
da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me
bem num paladar
que se cheira.
Hoje às vezes acordo e
cheiro antes de ver.


Alberto Caeiro
Agora Que Sinto Amor /O Pastor Amoroso



Imagem: J. Borod


23 de agosto de 2008

Um despertar sem sonhos

Hakan Photography



A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir,
...
é quando ao despertar,
revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias


Carta





21 de agosto de 2008

Depois
















E agora se inicia
a pequena vida
de uma sobrevivente da catástrofe do amor.
...
Acabo de nascer
do terrível parto do amor.

Já não amo.

Agora posso exercer no mundo
Inscrever-me nele
Sou uma peça a mais da engrenagem.

Já não estou louca.

Cristina Peri Rossi

Depois

Imagem: Amanh'ser


20 de agosto de 2008

Para sempre nunca mais



Regressamos sempre aos velhos lugares onde amámos a vida. E só então compreendemos que não voltarão jamais todas as coisas que nos foram queridas. O amor é simples, e a vida devora as coisas simples.


José Eduardo Agualusa
O Ano em que Zumbi Tomou o Rio



17 de agosto de 2008

O ser que há em nós

Haleh Bryan



Não tenho a certeza de que estejas dentro de mim,
ou que eu esteja dentro de ti,
ou que me pertenças.
Pelo menos não é isso que eu quero.
Acho que estamos ambos dentro de outro ser
que criámos e que se chama "nós".

Na verdade, não estamos dentro desse ser.
Somos esse ser.
Ambos nos perdemos a nós próprios
e criámos outra coisa,
algo que existe apenas como uma
união de nós os dois.

Robert James Walter
The Bridges of Madison County




13 de agosto de 2008

Frutos
















Quando a amada oferece
o seu corpo, ela sabe
que dos frutos apenas
se colhe o sabor.
É então
que os dedos
separam as películas,
que a lâmina desce e a água
e o fogo se misturam.
E é então que a vida
e a morte convivem
sob o mesmo tecto.

Albano Martins
Escrito a Vermelho


Google Imagens

12 de agosto de 2008

Pedaço de mim














Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.

Manoel de Barro
s
Ao meu sobrinho Daniel.
Pedaço que me falta.

Imagem: Tony Arruda/Corbis

11 de agosto de 2008

Janela da alma




Quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

A Arte de Ser Feliz

Google Imagens
(desconheço a autoria)